Que a 3ª temporada de “The 100” foi marcada por polêmicas, isso é fato. Por um pouco, ainda tínhamos da série que surpreendeu com o seu segundo ano. Mas, infelizmente, foi prejudicada por investir em mais episódios adicionais, tornando-a arrastada, e pior, matar dois personagens importantes, não só para a trama, mas para o seu público: Lexa (Alycia Debnam-Carey) e Lincoln (Ricky Whittle, agora em “American Gods“). Ainda assim, com seus altos e baixos, apresentou um gancho interessante para a série: a notícia de que a terra habitável se acabaria em seis meses.
Mas nem isso fez com que a série recuperasse a sua força, pelo menos não no início. A volta de “The 100” foi a mais fraca, e se manteve em só atiçar e não avançar. Somente no seu terceiro episódio que o roteiro se preocupou em mostrar a que veio e definir o caminho a traçar com a verdadeira ameaça da temporada. Também estabeleceu uma dinâmica diferente no quarto capítulo, mostrando que o potencial da série ainda estava presente. No entanto, o mais evidente era que as consequências do ano anterior afetavam os personagens, e com isso, a sua própria trama.
Em boa parte dos episódios se desenvolveu um diálogo repetitivo na série: se por um lado bom a questão de sobreviver às ameaças que a radiação iria trazer era interessante, por outro negativo, nos perguntávamos o que aconteceu com os personagens que tanto contribuíram para a série. Certo que o atrito entre eles ainda rendia algum alívio, mas não foi o suficiente para resgatá-los da real decadência em que se encontravam.
Começando por Octavia (Marie Avgeropoulos); por três temporadas acompanhamos a evolução da personagem com maestria, e, sim, ainda vimos um pouco disso nesse novo ano, porém também a vimos se perder. No final do ano anterior ela executou sua vingança contra Pike pela morte de Lincoln, e claro que, se a mesma aparentasse esquecer disso seria algo a reclamar, mas o problema foi mantê-la em um estado de revolta, o que é compreensível, mas acabou apagando o seu potencial e afastando-a da trama.
Sem falar de Bellamy (Bob Morley) e Jasper (Devon Bostick); ter Bellamy, outro personagem que evoluiu, se resumir em querer apenas tomar a frente das situações foi decepcionante. Jasper já era um caso perdido – desde a terceira temporada -, e, não sei porque, acharam isso bom, e repetiram isso em dobro – temi que Monty (Christopher Larkin) fosse afetado também. Por conta disso, vimos os plots se dividirem entre a parte relevante e a parte que só estava para preencher os minutos dos episódios.
Mas nem tudo estava perdido para a série. Felizmente, nos últimos cinco episódios souberam ousar com a trama que tinham em mãos, como também recuperar o potencial dos seus personagens – especialmente dos irmãos Octavia e Bellamy. Foi realmente animador ver que o rumo da temporada estava prestes a mudar para algo bom, depois de muito papo e quase nada acontecer, e ter a qualidade de um roteiro tão bem elaborado.
De fato, foi maçante acompanhar a temporada, mas ela entregou o caminho para um final de tirar o fôlego; além de surpreendente, ele foi empolgante para o futuro da série. Seria a já confirmada quinta temporada a última para “The 100”? O que podemos esperar é por mais que apenas um gancho para garantir mais um ano, mas também respostas e novidades para expandir a sua mitologia.
Felipe Oliveira
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