O primeiro livro do autor norte-americano queridinho do público jovem, Jonh Green, “Quem é você, Alasca?” nos apresenta o adolescente Miles Halter, fascinado pelas últimas palavras das pessoas e diante de uma vida que descrevia como sem graça. Ele estava determinado a buscar “um grande talvez” para si, conforme as últimas palavras do poeta François Rabelais. Para isso, deixou sua família e amigos na Flórida, a fim de ir para o colégio interno Culver Creek, no Alabama e assim a história se desenrola.

A narrativa se acontece dentro de cento e trinta e seis dias, antes e depois de um ocorrido – que não vale a pena citar para evitar altos spoilers. A diferença entre esses dois períodos é notável, mesmo assim, o autor conseguiu manter a caracterização dos seus personagens com que começou e isso segura o ritmo da trama. Dependendo da ordem em que você, querido(a), tenha lido Jonh Green, será possível traçar semelhanças com uma obra e outra, mas, de fato, mesmo que a familiaridade esteja em seus personagens e situações criadas, cada livro tem algo completamente diferente contido para os leitores – obviamente. A singularidade dos personagens é mantida através da composição sutil de momentos únicos de humor e também ao elevar na medida certa o teor emocional, deixando, muito provavelmente, a leitura menos chata de se acompanhar. Se você estiver empenhado(a), o objetivo de terminar não vai ser difícil.
Com isso em mente, Quem é você, Alasca? não foi o primeiro livro que li do autor e, para mim, lê-lo agora garantiu uma experiência diferente se comparado a outros – como “A Culpa é das Estrelas” e “O Teorema Katherine”. Muito se deve ao seu tom provocativo e alternações inesperadas. Aliás, esse é o ponto alto de Quem é você, Alasca? e sempre tão bem composto por John Green: ser imprevisível. A certa altura, o leitor(a) é levado a um arco diferenciado, depois de estar imergido, sem deixar pecar no elemento surpresa.
Como dito antes, os personagens estão muito bem colocados e John Green os usou com eficiência para passar e representar com grande esforço o que almejava. Na simplicidade, Green fala sobre situações que, por menores que sejam, são responsáveis por nos moldar, e as experiências com elas, serem capazes de nos marcar e transformar o que somos ou seremos. Mas, acima de tudo, Quem é você Alasca?, dentre muitas coisas, é sobre a ansiedade e a frustração que sentimos ao falhar. Na escrita intensa, através da ambiguidade de Alasca Young, falar sobre ter esperança e o poder de sobreviver ao que nos sobrevém é algo que acontece com frequência.
Ainda que, confirmado no ano passado pelo próprio autor – depois de muita ansiedade e expectativas – a adaptação do livro não vai acontecer. O livro transmite uma sensação única e talvez uma adaptação fizesse o mesmo, porém, nos resta aguardar.
Felipe Oliveira
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