“Jumanji. Um jogo para quem deseja deixar o seu mundo”
Título: “Jumanji: Bem-Vindo à Selva”
Diretor: Jake Kasdan
Ano: 2017
Pipocas: 7,5/10
O jogo de tabuleiro foi atualizado. Não adianta negar, você conhece “Jumanji”, ou pelo menos o clássico filme de 1995. Parte de nossas infâncias, o longa foi um marco na “Sessão da Tarde” com sua trama delicada, profunda e cheia de significado. O filme conta a história de Alan Parrish (Adam Hann-Byrd) o solitário garoto que sofria bullying e nem mesmo podia contar com ajuda de seus pais para protegê-lo. Em meio a angústia, ele encontrou o tabuleiro de um jogo intrigante. Ao iniciar uma partida com Sarah Whittle (Laura Bell Bundy), Alan e Sarah são sugados para dentro do jogo e essa experiência muda tudo o que pensavam conhecer sobre a realidade.

Vinte e seis anos se passaram desde o ocorrido. Agora, duas crianças, moradoras da antiga casa de Alan acabam achando o tabuleiro do jogo. Mas, a cada partida, o mundo em que vivem sofre mudanças, se transformando em uma selva. Ainda assim, mesmo tendo Alan de volta, não sabemos o que pode ter acontecido com ele quando estava preso no jogo. É nessa ponta solta deixada para a nossa imaginação que adentramos ao remake: “Jumanji: Bem-Vindo à Selva”.
Recentemente, vimos em “Power Rangers” e “Homem-Aranha: De Volta ao Lar” que “O Clube dos Cinco” é uma forte fonte de inspiração quando o assunto são adolescentes em detenção no colégio. Com “Jumanji” não foi diferente. Quatro adolescentes são postos em detenção e acabam encontrando um antigo videogame. Eles decidem jogar a fim de matar o tempo. Porém, ao escolher os personagens do jogo, não contavam que seriam sugados para dentro da realidade virtual e se tornariam os avatares que escolheram.
Sejamos sinceros. Quando o trailer relevando a ideia por trás do remake de “Jumanji” foi lançado, tratamos de questionar que diabos fizeram com aquele clássico que combinava o sombrio, o comovente, a comédia e aventura numa só película. Sua breve demonstração de menos de três minutos não deixou de esbanjar um filme com um enredo convencional que nos levou a especular o seu resultado e reduzir as expectativas. Mas nada melhor do que pagar com a língua e sair da sessão de cinema satisfeito por ter assistido a um filme divertido.
Com base na supracitada ponta solta do longa original é que “Jumanji: Bem-Vindo à Selva” funciona. Se em 1995 a selva veio até os seus jogadores, dessa vez fomos levados até ela. Assim se justifica o uso do universo do video game para retratar essa curiosidade sem soar maçante. E sem apelar totalmente às tão costumeiras referências – e querer indicar conexões com o original para fins de nostalgia – é que o remake acerta em cheio, pois tem espaço para melhor explorar o universo do jogo do jeitinho que é.
Porém, mesmo fazendo isso com muito humor, acaba sendo didático e repetitivo, rendendo um desgaste na própria fórmula. Ainda assim, a comédia é o elemento que carrega o filme com maestria e faz com que seus aspectos criativos não pareçam tão bizarros.
Falando desse jeito – uma vez que a maior parte do filme se passa num jogo -, parece que nada do que acontece por lá é para ser levado a sério, certo? Na verdade, não. A trama faz mais do que isso. Mesmo que o enredo não se preocupe em prestar homenagens ao original a todo momento, ainda assim soube aproveitar, de maneira competente, os seus personagens.
Que “Jumanji: Bem-Vindo à Selva” não é um filme perfeito, é um fato. Mas a tamanha superficialidade vista nas personalidades dos adolescentes, além de suas histórias sem profundidade, foram pontos que fizeram valer a baixa expectativa em assistir o filme. Felizmente, dentro do jogo a história é outra, e é possível notar o quão amplos são os personagens e com isso traçar aspectos sobre a inocência, representatividade, humanidade e o valor da amizade.
“Jumanji: Bem-Vindo à Selva” pouco mostra da obra original. Mais que um olhar diferente sobre o jogo do tabuleiro, o filme vale a pena por ser muito divertido e ir além do esperado. No mais, se a palavra “remake” é capaz de gerar desconforto e nos deixar com o pé atrás, talvez dar uma chance a um filme que carrega o nome de um grande clássico não seja tão ruim.
Obs.: Assistir ao filme numa sessão dublada foi um dos motvos que me garantiu as altas risadas. Por outro lado, o 3D foi dispensável e seu uso em nada muda a experiência de uma sessão em 2D.
Felipe Oliveira
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