Celulares. Há até quem diga que não pode viver sem, isso se deve à constante mudança e adaptações da tecnologia para atender às nossas necessidades (ou não). Correspondente a tarefas comuns ou para registrar uma selfie no final de uma reunião, os smartphones estão presentes no nosso cotidiano. Mas quais são os limites estabelecidos para consumi-lo?
Não é a primeira vez que falei sobre o mundo virtual aqui na coluna Pontoshort (outras vezes foram no segundo e terceiro tema), como as lacunas são muitas, vamos falar sobre os queridos celulares através de dois curtas, “Histiore 2 Couples” e “Celulares”.
Histoire 2 Couples (2015)
Lançado em 2015, o curta francês se lançou sobre uma abordagem cômica para falar de um assunto persistente: o tempo que passamos usando o smartphone. Um rápido exercício, do aguardado intervalo no expediente, ou no momento em que finalmente chegamos em casa depois de um longo dia de trabalho, qual a primeira coisa a se fazer a não ser checar as redes sociais?
Em apenas 4 minutos, a animação em 3D mostrou os perrengues de um casal recém-formado. Desde o início, enquanto o namorado estava nervoso e preocupado com a maneira que pediria a namorada em casamento, a moça não desprendia os olhos do celular. Faça chuva, faça sol, nos altos e baixos para fazer a união dar certo, não havia uma concordância entre os pombinhos.
Ao menos o desfecho entrega algo otimista para o bom humor que se propôs, mas o retrato feito em “Histiore 2 Couples” foi relevante de muitas formas. É um comportamento que se repete entre muitos, talvez questionado por alguns, mas é estranho como paralisamos em algum cômodo de casa, e mal aproveitamos uma refeição para dividir o período com o celular.
Se mostrando ainda mais grave, é fácil fugirmos de uma interação social no grupo de amigos para desbloquear o smart, se perder na web até o evento passar – ou basta o filme no cinema, aniversário ou ocasião em família estarem entediantes que o dispositivo móvel pode ser acionado como escape.
Nessa inversão de papéis, em que o usuário não domina mas se deixa dominar, o aparelho eletrônico precisa estar mesmo em tudo? Tá faltando viver mais o momento ou há prioridades em jogo?
Celulares (2013)
Dessa vez, o curta-metragem fez parte de uma pesquisa acadêmica usando os celulares como captação sonora. Para a argumentação de um livro, a produção de 4 minutos foi filmada inteiramente usando um smartphone.
Trazendo como plano de um fundo a história de um casal, o enredo aqui é fofo, engraçado e objetivo. Depois de se conhecerem virtualmente, os apaixonados desconhecidos decidem se encontrar pessoalmente pela primeira vez. Entre um papo tímido e muitas selfies, ambos se pegam perdendo tempo com o amiguinho virtual.
Sem se estender muito, na simplicidade, “Celulares” fez o seu relato: depois que o calor da conversa entre o casal passou, os dispositivos móveis aparecem como uma distração óbvia por eles não saberem mais o que fazer agora que se conhecem – não muito diferente, fazemos isso quando recorremos ao celular durante qualquer atividade básica do cotidiano.
Em suma, o curta ainda reforçou sua abordagem com uma mensagem sobre o homem dominar a tecnologia, e não o contrário. Pode parecer ser apenas uma frase artificial de efeito, mas é um ponto que vale a pena refletir, uma vez que não conseguimos nos desvencilhar da tecnologia com facilidade, e sim, nos distrairmos com suas dimensões.
Vale salientar que a problemática não está atrelada apenas ao fator “escape”, mas em como sempre dividimos o tempo com questões colocadas outrora como importantes, se voltando para a distração que o smartphone proporciona.
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Felipe Oliveira
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